A poeta HELENA KOLODY, filha de imigrantes ucranianos, nasceu em Cruz Machado (PR), no dia 12 de outubro de 1912. É a primeira mulher a publicar haicais no Brasil, ainda nos anos 40, mas sua poesia também contempla versos longos. Estreou em 1941 com Paisagem Interior, edição da autora, mas, aos 16 anos havia publicado o primeiro poema na revista Marinha, de Paranaguá.

Outros títulos da poeta são Haikais (2001), Luz Infinita (edição bilíngue, 1997), Reika (1993), Viagem no espelho (1988), Infinito presente (1980) e A sombra no rio (1957). Seus poemas foram traduzidos para o ucraniano (Poesias Escolhidas, 1993) e para o italiano (Viaggio nello specchio, 2003), e também reunidos em antologias, entre elas, Sinfonia da vida (1997), que traz depoimentos da poeta.

É reconhecida como a “padroeira da poesia” pelo poeta Paulo Leminski, que foi seu vizinho durante alguns anos; por sua vez, Helena o reconhecia “o verdadeiro haicaísta”. Recebeu inúmeras homenagens, como o audiovisual A Babel de luz, do cineasta Sylvio Back (1992, premiado no 25º Festival de Brasília), o título de Reika (algo como “aroma da poeta maior”), pela Sociedade Japonesa, em 1993, “em reconhecimento à dedicação, divulgação e grandiosidade que deu à poesia de origem japonesa”, uma exposição em homenagem aos seus 90 anos (2002) e o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Paraná (UFP), em 2003. Desde 1988 a Secretaria de Cultura do Paraná realiza o Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody, e, em 2018, a Biblioteca Pública do Paraná editou o livro Roteiro Literário Helena Kolody, de Luísa Cristina dos Santos Fontes.

Helena, que exerceu o magistério desde os 20 anos, faleceu em decorrência de problemas cardíacos, no dia 15 de fevereiro de 2004, em Curitiba, onde morava desde o final da década de 1930, e foi reconhecida como Cidadã Honorária em 1987.

* * *


GESTAÇÃO


Do longo sono secreto

na entranha escura da terra,

o carbono acorda diamante.


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IPÊS FLORIDOS


Festa das lanternas!

Os ipês se iluminaram

de globos de cor-de-ouro.


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POESIA MÍNIMA


Pintou estrelas no muro

e teve o céu

ao alcance das mãos.


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ARAUCÁRIA


Araucária,

Nasci forte e altiva,

Solitária.

Ascendo em linha reta

– Uma coluna verde-escura

No verde cambiante da campina.


Estendo braços hirtos e serenos.


Não há na minha fronde

Nem veludos quentes de folhas,

Nem risos vermelhos de flores,

Nem vinhos estonteantes de perfumes.

Só há o odor agreste da resina

E o sabor primitivo dos frutos.


Espalmo a taça verde no infinito

Embalo o sono dos ninhos

Ocultos em meus espinhos,

Na silente nudez do meu isolamento.


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