A poeta LÚCIA BINS ELY nasceu em Porto Alegre, num dia 6 de outubro. Publicou o livro Sombra e Luz (2011), individual, e Arado de Palavras (2008), em colaboração; participou da Coletânea de poesia gaúcha contemporânea (2013), organizada por Dilan Camargo, e da Coletânea da Casa do Poeta Rio-Grandense (2011 e 2012), além de ter poemas publicados nas revistas ovo da Ema (da qual também é organizadora, ao lado de Eliane Marques) e Água viva (2002 a 2005). Integra a Escola de Poesia, que promove saraus, ao lado de Eliane e de Anelore Schumann (foto)

É psicanalista, vice-diretora da Après Coup – Sociedade Psicanalítica, de Porto Alegre, organização não governamental destinada à transmissão da psicanálise, e coordena Oficinas de Escuta.

* * *


CONSTELAÇÕES


a nenhuma

o silêncio das escravidões

cuidado com a mão na estrela do sexto andar


ela está nada distante

do que vi

do que veio

do que árvores vendo


* * *


VOZ


Todo ar se enche de noites largas

e a voz rebenta

num buraco de sangue.

Longas estrelas

rodam entre os polos da sala.


Barbárie.

Chocam-se palavras,

ruídos e

nada de nada.


O vazio que sobra da vida,

do dia, da frase não dita


feito punhal

me crava

o peito.


Não pensara que tanto vazio

um dia me enchesse a casa.


* * *


ALMA DA MADEIRA


A alma da madeira,

a demora dos nomes

tudo treme...

o fio

que une o breu à luz.

 

Transgride a obscuridade

por uma gota de luz cardeal;

de um amanhecer

feito diamante.


E dali

uma criança orvalha...

e a água mais pesada

me esmaga

me desabrocha.


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