ORLANDO FONSECA nasceu em Santa Maria (RS), no dia 7 de outubro de 1955. Seus poemas foram publicados em antologias, como a Coletânea de poesia gaúcha contemporânea (2013), outras a partir de iniciativas do coletivo Turma do Café, que realiza projetos literários na cidade há mais de 15 anos.

Foi premiado em 2002 com Prêmio Adolfo Aizen (UBE) pela novela Da noite para o dia (2002), produção voltada para o público infantojuvenil (finalista do Prêmio Açorianos). Destacam-se, ainda, os livros O estojo vazio (2013), Na marca do pênalti (2011) e Estrelinha de Natal, com Marcelo Schmidt (2008), que foi transformado em musical infantil.

Foi pró-reitor de Graduação na UFSM, onde também foi professor; doutor em Teoria da Literatura pela PUC-RS, publicou o volume de ensaios O fenômeno da produção poética (2001).

Ex-secretário de Cultura de Santa Maria (2001-2004), é cronista no jornal Diário de Santa Maria e colaborador do Portal Claudemir Pereira.

* * *


A PROVA

 

Estamos sendo postos

à prova?

Já fomos exortados

no passado a

não nos dispersarmos,

pois só assim seríamos

uma Nação livre.

Já nos fortalecemos

dizendo-nos com emoção

que não devíamos largar

a mão de ninguém, para

enfrentar o obscurantismo.

E justo agora, quando

as nuvens de uma tempestade

invisível apontam no horizonte,

somos exortados a nos isolar,

a não pegar a mão de ninguém.


A lição suprema é de que

devemos fazer o bem

sem olhar a quem.

Ser humano é estar junto

mesmo que haja quilômetros

de separação e paredes, muros,

protocolos ou convenções.

Esta é nossa essência

e nossa fortaleza.

Solidão é pensar em si mesmo

e cuidar apenas de si.

Não há solidão quando

todos cuidam de todos

– prova de humanidade.

O amor cresce apesar

das ausências e das distâncias.

E quando a tempestade passar,

vamos compreender melhor

a dimensão de sua beleza.


* * *


DA PEDRA


Ponho-me a olhar a pedra

e a pedra a me olhar põe

na pedra o meu olhar de pedra

a molhar.


É verde e antigo meu olhar

na pedra: é limo.


A pupila a pedra a pedra pupila a perda.

E me olha dura.

E tanto bate em minha

alma

tanto bate:

até que fura


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