JAMIL
ALMANSUR HADDAD nasceu em São Paulo
(SP), em 13 de outubro de 1914.
Formado em Medicina (1938), tornou-se crítico, historiador, ensaísta,
historiador, teatrólogo, antologista, tradutor e poeta. Seu primeiro livro são
os poemas de Alkamar, a minha amante (1935), mas já havia publicado na
revista O Bisturi, revista do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade
de Medicina da USP.
Como
poeta, integrou a Geração de 45 e participou do I Congresso de Escritores, no
Teatro Municipal de São Paulo (22 de janeiro de 1945), manifestação contra a
falta de expressão durante a ditadura de Getúlio Vargas – o que contribuiu para
agravar a crise do Estado Novo.
O
livro Orações Negras (1939) ganhou o prêmio da Academia Brasileira de
Letras (ABL). Em sua última obra, Aviso aos Navegantes ou A Bala Adormecida
no Bosque (1977, em Paris; 1980, no Brasil), o poeta fez versos no formato
de suratas, honrando a tradição de sua conversão ao islamismo.
Colaborou
com jornais paulistas e traduziu, entre outros Giouse Carducci, Victor Hugo,
Anacreonte, Petrarca, Omar Khayyam e Charles Baudelaire.
Foi
diretor do Departamento de Cultura da Associação Paulista de Medicina e
presidente da Casa Castro Alves. O bairro Guaianases, em São Paulo, abriga uma
biblioteca com seu nome, inaugurada em 5 de abril de 1991 (Decreto º 57.528 a
tornou Biblioteca Pública Municipal Jamil de Almansur Haddad).
O
poeta faleceu em São Paulo, no dia 4 de maio de 1988.
* * *
DÉCIMO QUARTO POEMA DA VIDA
Parece
que, no parque, há um plátano que sua.
Parece
que, no céu, há uma Nuvem que sangra.
Há dor no ar... há dor na terra... há dor nos subterrâneos!
E as
delirantes convulsões violentas
da
pirosfera
vão
erguendo aos céus as cordilheiras
que
são os arrepiados, os sofredores braços da Terra!
Oh,
as subterrâneas torturas da Terra!
Cada
vulcão é uma ferida aberta
por
onde a terra verte o sangue incandescente.
Talvez
sofresse o mar que, no seu desespero,
ergue
às alturas
os
seus apocalípticos braços feitos de água.
* * *
OUTRA CANÇÃO DE AMOR
Pelas
madrugadas brancas,
Vão
placidamente os poetas,
Contemplando
as tuas ancas
Por
serem meta das metas.
Saúdo no instante alado
Em que nada mais enferma
Teu ovário fecundando
De pura gota de esperma.
E na
cidade criança,
A
origem palpita no ovo.
No
teu ventre o feto dança:
Vai
nascendo o Brasil novo.
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