VALDIR DOS SANTOS nasceu no dia 8 de outubro de 1951, em Júlio de Castilhos, município gaúcho. Reconhecido artista plástico, tem seus poemas publicados em antologias e premiadas em concursos literários – no Concurso Anual Literário de Caxias do Sul foi premiado na categoria Contos, além da categoria Poesia; seus poemas figuram na edição especial publicada em 2000. E, em entrevista ao jornal Pioneiro (junho de 2017), chegou a comentar que pretendia publicar um livro a partir dos mais de 500 poemas inéditos que tinha à época.

Os poemas transcritos, “extremamente sensoriais”, como assinalou Tania Carvalhal em Matrícula Dois (1998), são da série “Carretéis”, dedicados ao artista plástico Iberê Camargo.

Valdir, como artista plástico, teve suas obras expostas em mais de 30 mostras individuais e coletivas, com premiações e trabalhos em coleções particulares no Brasil e no exterior; também foi curador de projetos culturais e artísticos.

Entre seus trabalhos na área estão o cartaz da Festa da Uva de 1986 e o design do carro alegórico do Shopping Iguatemi Caxias para a Festa da Uva de 2002.

* * *


1. Pré-requisitos


É preciso

Nascer o campo,

Inventando distâncias

E trazer nos olhos

Esse olhar talvez molhado

Talvez angústia

Talvez geada e inverno

Talvez riacho

E chuva.


É preciso

Ter memória e gestos,

As distâncias ainda por percorrer

E a bagagem feita de saldos

E traços

E na garupa dos tempos

Levar o tijolo que será a construção.


* * *


5. Enigma


Signos.

Carretéis enrolam linhas

a linha e os linhos.


Cores.

A angústia costura

com as linhas do tempo.


Tempo

pedaço emendado

vitral na memória

dos tempos.


* * *


8. Palheta


Manchas

sombras de tintas em teus dedos.


Às vezes um espelho molhado

às vezes um cigarro:

imagens:


despojados

perseguindo a imagem

compreenderão teu gesto

todo gesto. E o tempo.


Nos pincéis e tintas

a eternidade.


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