SUSANA VERNIERI nasceu no dia 23 de outubro de 1965, em Porto Alegre (RS). Entre seus livros, encontramos os poemas de Céu de amor (2020), De(s)amores (2007) e Memorabilia (2005)e na Coletânea de poesia gaúcha contemporânea, organizada por Dilan Camargo (2013).

Como ensaísta, publicou Um copo de mar (2020), livro em que disserta sobre forma e conteúdo na poesia, entre outros. É também autora de Rosa, a gata limpeza (2016), voltado para o público do infantil, das novelas Desvãos (2012) e O caminho de Telêmaco (2002), do romance O mapa da República (2019) e da coletânea O boxeador e outras crônicas (2020).

Jornalista, trabalhou por 10 anos em redações de jornais gaúchos, para depois dedicar-se aos estudos literários. Doutora em Letras pela UFRGS – com a tese publicada em O toque da flauta – Uma leitura de João Cabral de Melo Neto –, teve sua dissertação de mestrado, O Capibaribe de João Cabral em O cão sem plumas e O rio: duas águas, premiada pela Secretaria Municipal de Cultura de Recife (1997). Em 2009 recebeu o Prêmio Açorianos pelos contos de As grades do céu, em que narra vivências de uma pessoa bipolar.

 

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LOTAÇÃO ESGOTADA

 

A cidade engole ônibus

Depois cospe a maior frota de

Trânsito parado da América.

 

Passam pontos

Trancam porta

Ninguém entra

Ninguém anda

Ninguém senta

Ninguém sai

 

Como transportar metáforas?

 

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ANEL

 

Anel que marca a mão

feito tatuagem em terceira dimensão

Anel para olhar

sentir o pulsar

Anel que veste o dedo menor

Para cobrir a nudez de milênios

O vazio de séculos

Anel que tu me deste

Que não era de vidro

E nem se quebrou

Anel que aquece

Das tempestades que ainda virão

Aliança sagrada

Sem a cerimônia dos templos

Força protetora em

Circular escultura

A pura alegria dos tempos

E não mais que um sorriso redondo

A indicar o caminho de dois

 

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SILÍCIO

 

À Maria do Carmo Campos

 

A tecla plástica cinza

escreve a linha infinita.

A tela vítrea sem fundo

desenho o espelho da letra.

 

Impulsos eletrônicos da placa-mãe

dissipam-se pelos fios.

Há uma voz ouvido,

no invisível caminho sem traço.

 

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