Nascido em 2 de outubro de 1930, o poeta SÉRGIO LEZAMA não tem seus poemas reunidos em livro, além de uma participação na coletânea Poetas do Vale, publicada em 1976 e organizada por Ely Costa Marciniak. Natural de Cachoeira do Sul (RS), Lezama faleceu em 14 de novembro de 1966, aos 36 anos.

 

* * *


Anseio de fugir ao imediato

de partir antes de representar o extremo ato

da tragicomédia de existir!


Vontade de virar a cidade de pernas para o ar,

e percorrendo bares e cafés de uma vez,

o pálio da revolta desfraldar na cara do burguês.


Vontade de ser outro, bem diverso deste louco

que faz versos, mas é incapaz de triunfar na vida.


Desse louco, que ainda há pouco, pensando em mares,

fugas, ilhas, viu-se chorando como um calouro

diante de um velho álbum de família.


* * *


Onde findam todos os limites

alucinado princípio.

Sou como um rio

a que barco nenhum resiste.


Onde a noite funde-se com a alvorada

ali faço meu horizonte

e ocaso. Sou como a fonte

que a si mesma se bebe insaciada!


Onde Deus começa eu termino

e vice-versa como um rei

que é também bobo da corte.


Em mim coexistem o velho e o menino

por isso nada sei e tudo sei

aquém da vida e além da morte.


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