Adelino Fontoura

(Axixá, MA, 30.mar.1859 – Lisboa, POR, 2.mai.1884)


Antes de partir


Venho ensopar de lágrimas o lenço

No tristíssimo adeus de despedida;

Em breve a Pátria vou deixar perdida

Além – na curva do horizonte imenso!

 

Em breve sobre o mar profundo e extenso

Adejará minh’alma dolorida,

Como a gaivota errante, foragida,

Sem ter um ninho onde pousar, suspenso!

 

Então, senhora, hei de pensar, tristonho,

Revendo a vossa angélica bondade,

Neste ninho de amor calmo e risonho;

 

E triste, sobre a triste imensidade,

Como quem despertou de um ledo sonho,

Hei de chorar o pranto da saudade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog