Antônio Gonçalves Crespo

(Rio de Janeiro, RJ, 11.mar.1846 – Lisboa, Portugal, 11.jun.1883)

 

Fervet Amor

 

Dá para a cerca a estreita e humilde cela

Dessa que os seus abandonou, trocando

O calor da família ameno e brando

Pelo claustro que o sangue esfria e gela.

 

Nos florões manuelinos da janela

Papeiam aves o seu ninho armando,

Veem-se ao longe os trigos ondulando...

Maio sorri na Pradaria bela.

 

Zumbe o inseto na flor do rosmaninho:

Nas giestas pousa a abelha ébria de gozo:

Zunem besouros e palpita o ninho.

 

E a freira cisma e cora, ao ver, ansioso,

Do seu catre virgíneo sobre o linho

Um par de borboletas amoroso.

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