Pedro Kilkerry
[Pedro Militão dos Santos Kuilkuery]
(Santo Antônio de Jesus, BA, 10.mar.1885 – Salvador, BA, 25.mar.1917)
O muro
Movendo os pés doirados, lentamente,
Horas brancas lá vão, de amor e rosas
As impalpáveis formas, no ar, cheirosas...
Sombras, sombras que são da alma doente!
E eu, magro, espio... e um muro, magro, em frente
Abrindo à tarde as órbitas musgosas
– Vazias? Menos do que misteriosas –
Pestaneja, estremece. . . O muro sente!
E que cheiro que sai dos nervos dele,
Embora o caio roído, cor de brasa,
E lhe doa talvez aquela pele!
Mas um prazer ao sofrimento casa...
Pois o ramo em que o vento a dor lhe impele
É onde a volúpia está de urna asa e outra asa...
Comentários
Postar um comentário