Lupe Cotrim
[Maria
José Cotrim Garaude Gianotti]
(São
Paulo, SP, 16.mar.1933 – São Paulo, SP, 18.fev.1970)
Hino dos Comedidos
Não
me agradam esse homens
bem
fracionados no tempo,
cedendo-se
amavelmente
em
todas as ocasiões
e
mais também não me agradam
os
partidários tão vários,
de
toda moderação.
Vou
passando bem distante
desses
homens comedidos
desses
homens moderados.
Antônio
guarda seu vinho
muito
mais de vinte anos
para
bebê-lo mais velho
Clara
não estréia o vestido
quer
outra oportunidade.
Os
noivos em castidade
bem
além de doze anos
ainda
apregoam o amor.
Os
homens de ferro hoje
só
sabem anunciar
uma
mensagem de espera.
Aguarda
a felicidade,
Vê
o momento oportuno,
Não
penses nunca em amor
Nem
sejas tão ansioso,
resiste
à melhor viagem
desconhece
a emoção.
O
hino dos comedidos
de
todos bem fracionados
a
humanidade invadiu.
Desejam
oportuníssimos
Sempre
expelindo relógios
aguardam
os melhores instantes
subdivididos
em prazos
doutrinam
sincronizados
Sofrendo
convencionais
Apenas
grandes tristezas
Creditadas
nos jornais.
Eu?
Eu já sou diferente.
Não
sei viver minha vida
entoada
nesse hino
Esterelizada
em prazos
De
regras universais.
Não
me situo na espera
E
por profissão de fé
Acredito
em circunstância
Acredito
em vida intensa,
Acredito
que se sofra,
mesmo
muito, por amor.
Adeus
homens moderados,
Adeus
que sou diferente.
Compreendo
a mulher que rasga
as
vestes em grande dor
e
sinto imensa ternura
pelo homem desesperado.
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