Júlio Salusse

(Bom Jardim, RJ, 30.mar.1872 – Rio de Janeiro, RJ, 30.jan.1948)


Soneto


– Vi passar num corcel a toda a brida,

nuvens de poeira erguendo pela estrada,

um gigante, impassível como o nada,

indiferente a tudo – à morte e à vida!

 

Tão bela, como a Bela Adormecida,

tinha nos braços uma loura fada:

lindos cabelos de ilusão dourada,

pálidas faces de ilusão perdida...

 

Assombrado, gritei para o gigante:

– "Quem és tu? Essa deusa é tua amante?"

E o Cavaleiro, o Tempo, respondeu:   

 

– "Eu sou tudo e sou nada nos espaços,

e esta Mulher que levo nos meus braços

é a tua Mocidade que morreu!"

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