Maria Firmina dos Reis

(São Luís, MA, 11.mar.1822 – Guimarães, MA, 11.nov.1917)


Uns olhos


Vi uns olhos… que olhos tão belos!

Esses olhos têm certo volver,

Que me obrigam a profundo cismar,

Que despertam-me um vago querer.

Esses olhos calam na alma,

Viva chama de ardente paixão,

Esses olhos me geram alegria,

Me desterram pungente aflição.

Esses olhos devera eu ter visto

Há mais tempo – talvez ao nascer,

Esses olhos me falam de amores.

Nesses olhos eu quero viver.

Nesses olhos eu bebo a existência

Nesses olhos de doce langor,

Nesses olhos, que fazem sem custo

Meigas juras eternas de amor.

Esses olhos que dizem n’uma’hora,

Num momento, num doce volver,

Tudo aquilo que os lábios nos dizem

E que os lábios não sabem dizer.

Esses olhos têm mago condão,

Esses olhos me excitam o viver!…

Só por eles eu amo a existência,

Só por eles, eu quero morrer!

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