Moacyr Félix

(Rio de Janeiro, RJ, 11.mar.1926 – Rio de Janeiro, RJ, 25.out.2005)


Poema quase Explicação


Luzes cortam a noite básica

e desenham o mundo em que vivemos.

As estátuas de mármore então brotam

dos lábios e das mãos dos que pararam

e verticalmente apenas olham.

 

E as estrelas derramam pedra e cal

construindo em cada olhar muralhas

onde fonte magra pinga sol e lua,

- e o relógio é um deus cantando as horas

horas de pedra e cal.

 

Simplificado como uma lágrima

tu cruzaste a ponte em meninos mortos,

e se teus dedos - já cimento, se crisparam,

teus olhos se encheram de relâmpagos

afiados para os homens de olhos de pedra e cal.

 

Não mais o refletido caminhar

de teus passos na noite iluminada,

mas descer com os olhos a ladeira

e deixá-los no cárcere sem portas

onde os ratos e os anjos se devoram.

 

Impassível como um tronco de árvore, onde

os homens gravam a canivete o que calaram.

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