José Francisco Botelho
(Bagé, RS, 30.mar)
Tento saber quem sou, e a noite é vasta
Tento saber quem sou, e a noite é
vasta
Ante os meus olhos foscos e salgados:
A sombra sabe aonde eu vou, e basta.
A memória é neblina que se afasta
Enquanto, nos umbrais sombrios,
alçado,
Tento saber quem sou, e a noite é
vasta.
Mas pulsa algo distante, que me
arrasta,
E, nesse antigo dédalo espelhado,
A sombra sabe aonde eu vou, e basta.
O tempo é tempestade que desbasta
A flor do espaço, e sob o céu rajado
Tento saber quem sou, e a noite é
vasta.
Aquilo que te impele te devasta,
E, enquanto arde o futuro no passado,
A sombra sabe aonde eu vou, e basta.
Há no Mundo uma Porta, estranha e
gasta,
Porém eterna. Eu passo. E do outro
lado?
Tento saber quem sou e a noite é
vasta:
A sombra sabe aonde eu vou. E basta.
Comentários
Postar um comentário