Ruy Guilherme Paratininga Barata

(Santarém, 25.jun.1920 – São Paulo, 23.abr.1990)



Poema


Sobre o piano – rosas

entre as rosas o azul

e o azul não era azul

era vermelho.

Tocavam Bach

e era como luz que transitasse

no mistério.

Todos estavam silenciosos

e no fulgor das pupilas

envenenadas pelo medo

havia uma estranha dor de morte

prematura.


Minha mãe chegou a mim e disse: fica

meu avô me segurava do retrato,

meus netos me acenavam do futuro.

Porém eu estava sitiado

entre a fuga e a tocaia.

A nuvem carregou-me adormecido,

varei a criação,

transpus o limbo,

quando acordei,

meu pai,

já era o céu.

 

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