Antonio Carlos Floriano

(Itajaí, SC, 13.jun)



Como se aprisiona um rio para si


como se aprisiona um rio para si

não há moirões na água

arame para circular uma cidade


apenas um poço de nuvens

engolidos nos mergulhos

nas voltas infindáveis da geografia


onde encontrar o calor dos outonos

as sombras desvanecidas

a pouca cor dos trapiches adernados


como amarrar um navio fosse um bicho

segurá-lo na corrente contra o terral

se a noite se esconde na luz do farol


se a noite sussurra nas tralhas das redes

a solidão dos beliches sem ar

da tinta envenenada manchada de mar


que se tome um banho de água doce

para prender o rio sob a pele do rosto

se tirar das mãos as escamas das unhas


para se prender o rio na memória do poema

feito um navio na geografia da cidade

é preciso inventar um mapa no coração

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