Glauco Flores de Sá Brito

(Montenegro, RS, 19 .jun.1919 –

Curitiba, PR, 17.mai.1970)

 

[2023]

 

Balada de Belsen


Mais forte que a voz dos vivos

e a voz dos soldados mortos

Na grande libertação

O clamor dos mortos, mortos

Nos campos de concentração

Incinerados nos fornos

Cadáveres contorcidos

Numa alucinação.

Os mártires da vitória

Que exigem reivindicação

Não podem ser esquecidos

Não, por muita geração

Fantasmagóricas sementes

De toda a libertação.

 

Oh, tu, das mãos decepadas

Oh, tu, sexo rasgado

Oh, tu, crânio esfacelado

Nas câmaras de “purificação”

Menino enterrado vivo,

Não esqueceremos, não!

Oh, ressequidas sementes

Semeadas nos fundos valos


Dos campos de concentração

Sóis as raízes fecundas

Da grande libertação.


Onde existir um tirano

Houver uma inquisição

Vossa lembrança na mente

Dos que viram nossos corpos

Convulsos, contorcionados

No estático ballet

A mente que vos lembrar

Derrubará o tirano

É a sua inquisição.

Membros desarticulados,

E rostos intumescidos

A imensa podridão

A que fostes reduzidos

Será bandeira, uma flâmula

Guiando à libertação.


Vós dolorosa semente

Do trigo da liberdade.

Que a todos dará o pão.

 

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