NICOLAS BEHR nasceu Nikolau von Behr em 5 de agosto de 1958, em Cuiabá (MT). Mora em Brasília desde 1974, onde publicou o primeiro livro, Iogurte com farinha, em mimeógrafo e 8 mil exemplares. Entre 1977 e 1980 publicou 15 livros mimeografados – Grande circular, Caroço de goiaba, Põe sia nisso! e L2 Noves fora W3, entre eles – preso pelo DOPS por “posse de material pornográfico”, ficou impedido de publicar, mas não deixou de escrever; o resultado foi a série O que me der na telha, que, pelo que consta, foi queimada. Os 15 livrinhos foram reunidos em duas coletâneas: Restos vitais e Vinde a mim as palavrinhas.
Trabalhou como redator publicitário e, em 1982, participou da fundação do MOVE – Movimento Ecológico de Brasília, primeira ONG ambientalista da Capital Federal, o que o levou a abandonar a publicidade e mudar-se para Washington (EUA) em 1987, onde trabalhou na Fundação Pró-Natureza (FUNATURA), até 1990. A experiência o levou a ser co-autor do livro Palmeiras no Brasil (1997).
Em 1993, voltou a dedicar-se à poesia, com Porque construí Braxília. Foi biografado em Nicolas Behr – Eu engoli Brasília (2004) e tema de dissertações de mestrado – Brasília na poesia de Nicolas Behr: idealização, utopia e crítica (2007) e Do fenômeno poético à experiência urbana: (por) uma poesia de Nicolas Behr (2009).
Em 2007, o livro Laranja seleta – Poesia escolhida: 1997-2007, que abrange a sua obra, foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura. Em 2009, a cineasta Danyella Proença dirigiu Braxília, curta de 17 minutos sobre a relação do poeta com a cidade, que foi o vencedor do Prêmio Especial do Júri, no 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; em 2013 e 2019, novas participações no cinema: em Babilônia Norte, de Renan Montenegro (do premiado O Menino Leão e a Menina Coruja, 2017), e em Brasília, life after design, do canadense Bart Simpson (de A Corporação, 2003).

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FICUS ENORMIS

ficus te devendo
um poema melhor

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RECEITA DE POETAS

Ingredientes

2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos Beatles

Modo de preparar

dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe
gelar seu coração
leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos
de gerações às esperanças
perdidas
corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos
beatles o mesmo processo usado
com os sonhos eróticos mas desta
vez deixe ferver um pouco mais e
mexa até dissolver
parte do sangue pode ser
substituído por suco de
groselha mas os resultados
não serão os mesmos

sirva o poema simples
ou com ilusões.

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ACEROLA  LOUCA

troquei o poema pela ema
as palmas pelas palmeiras
as vaias pelas uvaias

eu faço poesia como quem brinca
de trocar tristeza por alegria

nas profundezas das florestas
de palavras vivem os poetas
disfarçados de árvores e ditongos

se alimentam do nada
e de tudo o que
a imaginação decompõe

* * *

a flor
sonha
com pólens
e estames

e acorda
toda
molhadinha

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