O poeta ZUCA
SARDAN nasceu no dia 18 de agosto de 1933. Já nos anos 50 publicou folhetos
mimeografados com os seus poemas, os spholhetos.
Seguiu com a prática, identificada com a “poesia marginal”, até publicar Poemas Zum, em Tóquio, no Japão, em
1969. Aqueles papéis seria publicado
em 1975, depois viria a participação na antologia 26 poetas hoje, organizada por Heloísa Buarque de Holanda, em 1976;
em 1978, Francisco Alvim y Zuca Sardan:
Poemas, com versão para o espanhol feita por Abelardo Sanchez León, em Lima
(Peru), e, em seguida, Ás de Colete
(1979), reeditado em 1994.
Temos, ainda, Os
Mystérios e o graffitti em Visões do Bardo (1980), Ossos do Coração, em 1993, Babylon: mystérios de Ishtar (2004), Ximerix (2013) – com o qual ganhou o
Prêmio Jabuti, em 2014 –, Voe no Zeplin
(2014) e Xorok Kopox (2015).
Estudou arquitetura, mas ingressou na carreira
diplomática, o que o manteve afastado do Brasil por longos períodos – serviu em
países como Alemanha, Holanda e Tailândia, entre outros. Atualmente, reside em
Hamburgo, na Alemanha.
* *
*
A
ESSÊNCIA
A
Economia é o estudo
dos
homens em suas atividades
mais
ordinárias.
Enfim:
...
o resto da definição
é dispensável.
* *
*
CANDENTE
ORATÓRIA
Mala alto que o condor
voa a inflação
cujas penas das asas
são notas de mil •••
A desaceleração
do ritmo econômico
na praça mundial
já chegou ao ritmo
dolente das maracas
E a violenta freiada
o contravapor
em todos os investimentos
no velório de Dolores
foi o último cravo
cravado no caixão •
* *
*
OS
DEUSES ELES MESMOS MORREM
Deprressa
Zorra Morrena
é breziza amar
mais ligeirras cas Walkyrias
ki galopam no Céu
danzando nossas horras
no Espresso de Saturno
si vom emborra
e non foltam
o brrezo da bassagem
nem brra reklamar .
Os Deuses eles mesmos morrem
mas os vermes soberranos
demorram roendo
roendo ...
Os vermes son klientes
o koveirro kafeton .
Só sobrram no vento
velhos trrapos
nossas almas pendurradas
no arrame farpado
do kintal sburrakado
do Palácio de Pluton.
* *
*
LEVANDO
A VIDA
No
andar de cima
a
antiga bailarina
debruçada
na janela
batia
de vassoura
no
tapete persa
meio
furado.
No
andar de baixo
o
mágico de mafuá
tirava
da cartola
um
ovo duro
um
pratinho de azeitonas
umas
empadas
e
o jornal do dia
onde
ele lia
aquelas
mesmas notícias
de dias atrás.
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