O poeta ANDRÉ
RICARDO AGUIAR nasceu em Itabaiana (PB), no dia 24 de agosto de 1969, e
atualmente vive em Rio do Sul (SC).
Publicou os livros A flor em construção (poemas, 1993), A alvenaria (1997), A idade
das chuvas (poemas, 2012) e Fábulas
Portáteis (contos, 2014).
Participa da coletânea Misterioso Sul – Lendas em Poemas (2018) e do conjunto de plaquetes
publicado em 2018 com Curriculum Vitae,
junto com Natalia Borges Polesso (Pé Atrás)
e Marco de Menezes (Como se constrói uma
melancolia de domingo).
Publicou, ainda, O rato que roeu o rei (2000/2007), Pequenas Reinações (2008) e Chá
de Sumiço e outros poemas assombrados (2013), voltados ao público infantil.
André é um dos fundadores do Clube do Conto
da Paraíba e criador do Encontro das Traças, selecionado pelo Minc e ganhador
da Bolsa de Fomento à Literatura.
* * *
BOSQUE
Uso todo tipo de coisa que faça
que apascente meu pensamento
ou mesmo que o faça trotar
largo ou feliz nas escarpas do sentido
Pego em dias calmos a lenha fria
dos assuntos, das coisas mais chãs
e árvores desembestadas que caem
para as férias do papel.
Monto armadilhas: seja alçapão branco
ou teclado em riste, ou mesmo a linha
de pescar da caneta com isca na ponta
O que vale é o urro de presa que cai
na trapaça, e quanto mais dentro
mais livre: palavra.
* * *
POEMA
Já
não faço poemas sobre gatos
– há
muito não crio gatos
nem
poemas.
O
último que pulou na mesa
(falo
de um poema)
também
desgovernou a casa.
E o
pus de castigo
dentro
da caneta
por
um bom tempo.
Por
extensão
o
gato que tinha nele
não
foi escrito.
* * *
A MULHER DE BRANCO
A mulher de branco
foi vista como um clarão
no acidente da estrada.
Uma mulher-relâmpago
que a muitos assusta
e que pede carona.
E se aceitam a mesma
aponta com o dedo lívido
o local em que murcha
Como uma flor branca
morreu como quem a morte
colhe
pelo
talo.
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