PAULO LEMINSKI nasceu
em 24 de agosto de 1944, em Curitiba (PR). Acima de tudo, foi poeta, mas
escreveu contos, crônicas, novela, ensaios críticos, roteiros de histórias em
quadrinhos, romances, biografias e letras de músicas, foi tradutor, professor e
judoca, trabalhou em agência de publicidade e televisão; escreveu para jornais
do Paraná, do Rio de Janeiro e de São Paulo; tornou-se referência, songbook, caneca,camiseta, pichação, imã
de geladeira, CD-ROM e exposição (Múltiplo
Leminski, 2013).
O primeiro livro de
poemas é Caprichos & Relaxos
(1983), que reúne diferentes publicações independentes – desde 1981 – e é um dos
livros de poesia mais vendidos até hoje. Antes ainda, veio “a prosa
experimental” de Catatau (1975). Em vida,
foram publicados os poemas de Distraídos
Venceremos (1987) e a edição especial de A lua no cinema (1989) – depois tivemos La vie em close (1991), O
ex-estranho (1996) e Toda poesia
(2013), que reúne, como diz o título, todos os livros de Leminski, inclusive Winterverno, de 1988, com João Suplicy, que
seria organizado por Josely Vianna Baptista e publicado em 2001.
Entre as traduções feitas
por Leminski temos Malone Morre, de
Samuel Beckett (1986), Um atrapalho no
trabalho, de John Lennon (1985), Sol
e Aço, de Yukio Mishima (1985), Pergunte
ao pó, de John Fante (1984) e Folhas
das folhas da relva, de Walt Withman (1983), entre outras. Foi biógrafo de
Cruz e Sousa (1983), Bashô (1983) Jesus (1984) e Trotsky (1986), livros reunidos
em Vida (1990).
Foi gravado por Caetano
Veloso (1981, Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira e A Cor do Som. Foi
parceiro do grupo A Chave, do irmão Pedro, de Ivo Rodrigues, José Miguel Wisnik,
Edvaldo Santana, Ademir Assunção, Arnaldo Antunes e Itamar Assumpção, entre
outros.
Paulo Leminski Filho
faleceu em 7 de junho de 1989, de cirrose hepática. Sobre ele, muito já foi
escrito. As cartas entre o poeta e Régis Bonvicino (1992 e 1999), dissertações,
teses, ensaios, lembranças e biografias. A mais polêmica é a de Toninho Vaz, O bandido que sabia latim, de 2001, contestada
por parte da família de Leminski. Mais de vinte vídeos, sites e blogs circulam
pela internet divulgando a obra do poeta curitibano – em 2001, foi lançado o CD
ROM Leminski Multimídia, com trechos de
músicas, vídeos, textos e fragmentos da vida e obra do poeta.
Em 2014, Estrela
Leminski gravou, com a banda Os Paulera, o CD Leminskanções, 25 músicas inéditas do poeta, com participações de
Arnaldo Antunes, Zeca Baleiro, Ná Ozzetti, Bernardo Bravo, Zélia Duncan e
Serena Assumpção. Roteiro Literário –
Paulo Leminski, de Rodrigo Garcia Lopes, inicialmente publicado pela
Biblioteca Pública do Paraná (2018), deve ganhar nova edição em setembro com
novo título, Foi tudo muito súbito: um
ensaio sobre Paulo Leminski.
* * *
limites ao léu
POESIA; “words set to
music” (Dante via Pound), “uma viagem ao desconhecido” (Maiakóvski), “cernes e
medulas” (Ezra Pound), “a fala do infalável” (Goethe), “linguagem voltada para
a sua própria materialidade” (Jakobson), “permanente hesitação entre o som e o
sentido” (Paul Valéry), “fundação do ser mediante a palavra” (Heidegger), “a
religião original da humanidade” (Novalis), “as melhores palavras na melhor
ordem” (Coleridge), “emoção relembrada na tranqüilidade” (Wordsworth), “ciência
e paixão” (Alfred Vigny), “se faz com palavras, não com ideias” (Mallarmé), “música
que se faz com ideias” (Ricado Reis/Fernando Pessoa), “um fingimento deveras”
(Fernando Pessoa), “criticism of life” (Matthew Arnold), “palavra-coisa” (Sartre),
“linguagem em estado de pureza selvagem” (Octavio Paz), “poetry is to inspire”
(Bob Dylan), “design de linguagem” (Décio Pignatari), “lo imposible hecho
posible” (García Lorca), “aquilo que se perde na tradução” (Roberto Frost), “a
liberdade da minha linguagem” (Paulo Leminski)...
* * *
a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa
* * *
de repente
me lembro do verde
da cor verde
a mais verde que existe
a cor mais alegre
a cor mais triste
o verde que vestes
o verde que vestiste
o dia em que eu te vi
o dia em que me viste
de repente
vendi meus filhos
a uma família americana
eles têm carro
eles têm grana
eles têm casa
a grama é bacana
só assim eles podem voltar
e pegar um sol em copacabana
* * *
motim de mim
xx anos de xi,
xx anos de xerox,
xx anos de xadrez,
não busquei o sucesso,
não busquei o fracasso,
busquei o acaso,
esse deus que eu
desfaço.
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