O poeta e crítico literário RONALD AUGUSTO nasceu em 4 de agosto de 1961, em Rio Grande (RS). Estreou com Homem ao Rubro, em 1983, e, em 2018, publicou Entre uma praia e outra – nestas três décadas houve outras publicações, individuais (Cair de Costas, 2012, coletânea de poesia, entre tantas), em antologias nacionais (como em Literatura e afrodescendência no Brasil, organizada por Eduardo de Assis Duarte) e internacionais (como em Dichtungsring Zeitschrift für Literatur) ou em parcerias (Negro 3x negro, com Paulo Ricardo de Moraes e Jaime da Silva).
Com estudo publicado na edição especial sobre Cruz e Sousa (Continente Sul Sur, IEL, 1998), recebeu Medalha de Mérito, conferida pela Comissão Estadual para Celebração do Centenário de Morte do poeta catarinense – sobre quem escreveu também em Ponto & Vírgula (1999) e Morcego Cego – Revista de Estudos sobre Poesia (1999). Em 2001, recebeu o troféu Vasco Prado, conferido pela 9ª Jornada Nacional de Literatura, realizada em Passo Fundo (RS), e, em 1979, o prêmio Apesul Revelação Literária.
Crítico literário, reuniu textos publicados na revista eletrônica Sibila e no suplemento “Cultura”, do jornal Diário Catarinense em Decupagens assim (2018). Entre 2007 e 2012, manteve a Editora Éblis, com Ronaldo Machado, e faz parte do Conselho Editorial do website www.sibila.com.br, de Régis Bonvicino e Charles Bernstein.
Ronald Augusto também desenvolve trabalhos musicais ao lado dos músicos e poetas Ricardo Silvestrin e Alexandre Brito, e realiza palestras e oficinas/cursos em que aborda temas referentes à música e à poesia, contemporânea e visual.

* * *


para dormir vesti uma camiseta
miseranda que há poucos dias

observando-a

notei que lhe caíra muito bem

súcubo
incunabula compaginada
deitou, acabou de pensar

* * *

à volta não resta imagem nenhuma
que não tenha de algum modo surtido
de promessa lexical
desenho onde a
ideia aperta a pálpebra

desenho desdenhoso a que se resigna
embora jamais reluza à mão

remate de sombras ao capricho do meio-dia

e o sopro insuperno de que se ressente

* * *

cohab pestano

onde é pelotas, afinal de contas?
uns concordam que é no laranjal.
ou que é ali no mercado e suas imediações
a biblioteca o quindim de nozes.
os doces negros dos negros de pelotas
muitos juram que é onde pelotas.
têm aqueles que vão convencidos
de que pelotas é algo dos ramil.
de que pelotas agora é outra
que é outra onde angélica freitas.
onde é giba giba, afinal, pelotas?
é ainda pelotas ao final de tantas?
pelotas até cohab pestano
onde extremo o aeroporto é pelotas.
esgoto a céu aberto
onde o pestano a contragosto é pelotas.
onde é o povo negro no pestano
a poeira das ruas de terra e chão.
o ir e vir do povo do pestano
onde afinal é pelotas, a que eu sei.

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